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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O lado B


      Já algum tempo que queria reflectir esta temática e, acho que após os dois jogos de bom nível e vitoriosos, vou a aproveitar para analisar não a nossa principal equipa de futebol mas a “outra”.
Pois este fim-de-semana perante quer uma vitória (limpa e plena) sobre o Sporting e quer uma derrota frente ao Sporting, é o mote ideal para abordar o nosso lado B. Estou é claro a falar então do vencedor e dinâmico Porto A e do desapontante e estático Porto B. O que se passou entre o passado sábado e domingo descreve o que tem sido esta época , pois enquanto a equipa principal lidera o campeonato com a sua naturalidade já a “renascida” equipa B azul e branca tem sido um autentico desastre em termos competi-vos (onde por vezes se pergunta se será mesmo uma equipa do Porto a jogar, dada a falta de rigor, ambição e cultura de vitória).
Os jogos de sábado e domingo são assim um paradoxo, que exemplifica as diferenças gritantes entre a nossa equipa principal e os nossos Bês ”. Sendo visível que a equipa B está longe de representar uma verdadeira equipa à Porto e são vários pontos a criticar e pouco a louvar.

       A verdade é que a versão B do Porto tem jogo após jogo revelado uma atitude que nada se identifica com o espírito que estamos habituados a ver numa equipa do Porto. Basta ver que o 18º lugar, os míseros 7 pontos conquistados, os 17 pontos de distâncias do 1º lugar, uma única vitoria em 10 jogos e um saldo negativo entre golos sofridos e marcados não são factores que caracterizam uma equipa do Porto. Mas a questão é saber se é algo que revela o insucesso do projecto da equipa B ou se é algo que não passa de um ligeiro acidente fruto de esta 1ª época ser uma época experimental ou fase de formação/construção do projecto.

      Porém existem alguns pontos e factos da organização e composição do projecto que têm sido postos em causa, ora vejamos:
      1º Aparente não investimento nas oportunidades ao Jogador Português, dado ser das criadas equipas Bês ” a que mais aposta em jogadores estrangeiros;
      2º A política exagerada de contratações (estrangeiros e veteranos – Zé António) e consequente não aposta na formação;
      3º Escolha pouco acertada do treinador (não tem mostrado capacidades e espírito de liderança à Porto). Devia ser um nome da casa, habituado ao nível maximo de rigor do Porto e com preparação tecnica junto da equipa principal – caso claro de Rui Barros.
      4º Incapacidade de impor o seu jogo e assumir o jogo (equipa colocada atrás, preocupa em defender mais que a atacar);
      5º Dificuldade clara em sair a jogar, dado o meio campo muito posicionado atrás, a falta de profundidade e agressividade (nomeadamente nas alas);
      6º Indices de Competividade reduzidos, falta de espírito vencedor e inexistencia de uma linha e pensamento de jogo
      7º Falta de sentido e orientação da direcção no planeamento do projecto (onde Antero Henriques não fica fora das criticas, pois é o próprio desde há 2 anos é o princinpal responsável pela formação do departamento de futebol);

       De todos estes factores muitos são realmente preocupantes, nomeadamente no que diz respeito à forma de jogar e de agir em campo. Em relação à política de contratações considero que talvez se tenha dado uma aposta exagerada no mercado externo, sendo que a contratação do veterano Zé António é a meu ver certa na medida que deve ser mais um treinador-jogador (é a voz em campo do treinador Rui Gomes e transmite maturidade e ensinamentos do futebolaos mais jovens). O caso da gestão de Antero Henrique é diferente e de dificl interpretação, pois se este no futebol A tem tido uma acção excelente (sem esquecer que aí está às ordens directas do nosso Presidente que é quem tem essa tutela, basta ver o caso do ano passado em Coimbra). Porém em questões burocraticas/formais, Antero, tem uma actuação de 5 estrelas, mas a meu ver o lado mais tecnico da formação do departamento do futebol devia estar entregue a alguém com mais conhecimento na matéria (como poderia ser Jesualdo Ferreira ou o próprio Vitor Pereira (após cessar as funções de treinador dos “As”) - a exemplo do que acontece com o Moncho Lopes no Basket).

      Em todo o caso nem tudo é mau nos Bês ”, seria injusto não referir os bons apontamentos que se já podem retirar (apesar de escassoz, raros e inconstantes), como o espírito lutador de Mikel (na posição 6 que é importante para o sistema do Porto tem sido o único a evoluir e a mostar resultados) a persistência de Sebá (mas com exibições iregulares, as boas exibições de Stefanovic (único jogador que tem mantido regularidade nas exibições) e a tentativa de recriar o cariz do jogo do Porto A (mas ainda sem resultados).

      Desta forma, devemos analisar o que é o projecto da equipa B, para que é que foi realmente criado? Para servir de equipa de reservas (dar jogos aos jogadores da A sem espaço), desenvolver talentos (habituados à forma de jogo caracteristico do Porto para jogar no futuro na “A”) ou servir os interesses da equipa A (nomeadamente no que diz respeito à inscrição total do plantel na Champions).
      Para a isto responder temos que avaliar qual é a função da criação nos clubes das equipas Bês ”, e para tal basta ver que em Espanha (onde se tem uma cultura já antiga de equipas Bês ) a situação das equipas Bês ” não é mais que equipas para integrar os jovens das cateras no futebol (facilitar a sua passagem para o patamar de profissionais e permitir a subida à equipa principal) e dar ritmo aos jogadores não utilizados pela equipa A. Ou seja, o que interessa é o objectivo da aprendizagem aos mais jovens do ambiente das competições profissionais, complementar a formação e permitir a equipa A um leque de soluções para eventuais necessidades e emergencias, o aspecto competitivo é importante mas não é o prioritario. O comprovativo disso mesmo é a classificação a meio da tabela da equipa B de Barcelona ou do Villareal.
      Porém o caso do Porto B é um pouco diferente. Pois mesmo sabedo que a equipa B não é formada para ser campea e que tem como principal fim desenvolver o espírito  e cultura portista nos recem-chegados ao clube, complementar a sua formação e integração no ambiente de profissionais. Mas isso não é desculpa para não serem cumpridos alguns minimos, já que não é aceitavel que uma equipa que veste o simbolo da maior e mais vitoriosa equipa do futebol portugues tenha uma atitude miseravel e a lembrar outros nossos conhecidos e não muito queridos clubes.
      Por isso o que neste momento falta é uma atitude diferente, pois isso também influência todo o resto do trabalho. Sendo que o trabalho a fazer é ainda muito e, é preciso ter em conta que uma equipa B é diferente das equipas da formação e da equipa principal, tem de se fazer um trabalho não apenas tecnico mas de educação dos jogadores. O melhor era mesmo seguir directrizes como aquelas utilizadas pelo Barcelona B, dadas as grandes semelhanças que existem entre o Porto e Barça e permitem que se encaixem na perfeição na nossa estrutura, como:

. Elementos procurados: técnica, velocidade, visão de jogo;
. Origem dos atletas: 50% da zona Norte; 40% de outras regiões de Portugal; 10% estrangeiros;
. Tática idealizada: 4x3x3;
. Tipo de exercícios: sempre com bola e em ritmo altíssimo
. Aprendizagem da cultura do clube: reuniões semanais com ex-atletas do clube

      Desta forma, é certo que os primeiros tempos não tem sido nada bons para este projecto da equipa B, não parece nada certo ainda sem ter dado provas que seja eleito para um Dragão de Ouro como projecto do ano. E é legítimo que alguns adeptos não concordem com a sua formação, dado o desinvestimento nas restantes modalidades, em especial o caso do basket (mas isso é um assunto que merece uma reflecção própria)
      E mesmo tendo em conta que o aspecto competitivo pode não ser o mais importante a ter em conta também não deve ser deixado para trás, pois o nosso símbolo nas camisolas da B tem sido muito maltratado, é preciso que tenham orgulho do clube que representam e que joguem com alegria e à Porto (para ganhar e não para não perder).

      ps:Em relação a nossa equipa principal apenas fica a ideia que falta estabilidade no ritmo competitivo, ou seja já provaram a qualidade, dedicação e ambição mas falta-lhes conseguir manter um igual equilibiro e rendimento constante. Tem o que falta na equipa B (atitude e trabalho), mas falta-lhes a regularidade das exibições (regularidade essa que na equipa existe em demasia só que em termos negativos).
 
Por: João Serra (colaborador)

2 comentários:

  1. Boas,

    Muito bem !!! gostei do post e da analise que subscrevo na integra.
    Na minha opinião a SAD tem que fazer uma reflexão seria sobre a equipa B, logo no inicio achei estranho termos contratado o Ze Antonio o Stefanovic, e os 4 + 1 brasileiros, o que queria dizer que mais de 50% da equipa não eram jogadores da formação ... para mim o Ze Antonio não tem lugar na equipa, o Stefanovic tem feito boas exibições mas tem muitas lacunas no jogo com os pés e nas saidas da baliza, os brasileiros ... na pre epoca Seba demonstrou qualidades que não se confirmam, Delattorre marca uns golitos mas não me parece nada de especial, e os dois laterais são vulgares.
    Quanto ao treinador, não tenho opinião formada, na epoca passada fez uma boa primeira fase e uma péssima segunda nos sub 19 ... e claro que acho que Jesualdo Ferreira seria a pessoa ideal para estar á frente da formação, por tudo o que os seus ex jogadores dizem do trabalho feito com eles.
    A ver vamos ... não acho que Pinto da Costa permita que isto continue assim.

    Um abraço

    http://fcportonoticias-dodragao.blogspot.pt

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  2. Uma opinião que toca na ferida.
    Parabéns, consegue resumir e apresentar o que esta muito mal e o que deve ser feito.
    Só acho que houve um exagero em relação ao antero henriques, tem tido um papel fundAMENTAL NA NOSSA ORGANIZAÇÃO.

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