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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Uma questão de números


      Após uma noite (em que voltamos a ver futebol a sério, depois de duas semanas sem futebol) tivemos a honra de alcançar mais uma vitória na Champions, é de concluir que ao mais alto nível internacional só uma equipa portuguesa consegue pontos para a representação lusa.
E nem é preciso mais comentários, basta ver que ao fim da primeira volta da fase de grupos da liga dos milhões temos o FC Porto é totalista de pontos (3 jogos = 9 pontos); enquanto o Braga cumpre a sua função com 3 pontos (e boas exibições); já o clube de Benfica regista um total de um ponto em mais de 270 minutos a ver jogar os outros…

      Porém para além das habituais picardias (normais e necessárias) no futebol, acho que devemos falar de um assunto não menos importantes e sério – a questão das finanças e contas que envolvem/afectam o futebol. Não quero aqui fazer-me passar pelo papel do Prof. Medina Carreira (até porque não tenho essas qualidades) nem de cair em jogos de ideologias, mas é certo que hoje em dia (como em tudo na vida) o estado da economia afecta e intervém na vida dos clubes.Basta ver as contas dos clubes portugueses e os receios, enigmas e sobressaltos que os clubes (de uma forma geral) passam com o endividamento crescente, para se perceber que é necessário uma mudança de atitude. O futebol não vive (nem pode viver) num mundo à parte, a crise mundial financeira-economica afecta tudo e todos – e o “mundo desportivo” em Portugal como no “mundo civil” não deixa também de ser afectado pelo “polvo” da crise.

      A verdade é só uma, o mundo do futebol esta a passar por um período de contenção, principalmente na europa (local mais afectado pela crise) os clubes tem vindo de uma forma geral apertando os cintos. Com a excepção daqueles que recebem injecções de capitais arabes (o chamado dinheiro “negro” – originado pelo negocio do petroleo, que nem sempre faz milagres, caso do Beira-Mar). Desta maneira, existe uma pressão interna e internacional para que os clubes tenham um comportamento fiscal controlado e não entrem em exageros, governos como o francês, espanhol, inglês, italiano e russo durante este verão repreenderam os seus clubes (em especial os casos do PSG, M.City ou Zenit) para terem cuidado com os gastos (até por uma questão de ética social para com as dificuldades economicas que passam os seus adeptos) e, a UEFA e a FIFA tem emitido avisos neste sentido. O futebol tem de se adaptar às novas circunstâncias, não podem viver como num tempo de “vacas gordas” e quem pode e tem capacidades para mais deve ter a habilidade de saber “ganhar” com a crise.

      De um ponto de vista geral, o futebo, europeu é o melhor do mundo (é na Europa que existe os melhores jogadores e treinadores, a maior competividade e maior qualidade), mas actualmente o velho continente do futebol já não significa de forma ampla jogar com os melhores e ganhar mais qualidade e nivel de vida (apenas o primeiro ponto se mantem efectivamente). Os clubes hoje em dia têm cada vez mais limitações economicas, só os melhores dos melhores resistem (uns melhor que outros) com os extras dos milhões da Champions , vendas de direitos televisivos e vendas de jogadores – mas aqui fala-se apenas de um lote muito reduzido e exclusivo apenas para os melhores clubes das melhores igas do mundo – como “o grandes” de Espanha, Inglaterra e Alemanha. Muitos clubes ditos de top mundial tem visto as suas aspirações reduzidas por questões de dificuldades económicas, caso das equipas italianas nomeadamente nas competições internacionais e, do começar do zero do Rangers de Glasgow.

      O caso português não deixa de ser diferente (senão até pior), basta ver os passivos a aumentar dos seus clubes, nomeadamente o dos monstros dos ditos 3 grandes – com a excepção do já dito 4º grande, SC Braga,Porto, Benfica e Sporting (de Lisboa) tem de mudar a sua atitude (até para servir de exemplo), os clubes portugueses (como o Estado e a sociedade portuguesa) tem vivido acima das suas possibilidades,não podem continuar a adiar as suas soluções – e o departamento financeiro portista já deu indicações neste mesmo sentido. É necessário assim (seguindo a linha expressa pela direcção do FC Porto): racionalizar salarios (de todos os funcionarios – jogadores, tecnicos e administradores); seguir a linha de exportação de jogadores; liquidar dividas e apenas comprar o que se tem margem; equilibrio saudavel entre despensa e receitas. Esta atitude a meu deiva já ter sido mais cedo, mas o FC Porto quis primeiro fintar a crise e adiar ao máximo sofrer com a crise – em todo o caso continua aqui uma marca que distingue a organização portista da dos outros clubes: o de se antecipar/prever antes dos outros e falar pouco e fazer mais.

      É assim necessário reformular o sistema fiscal do nosso futebol, basta ver que por vezes as pessoas esquecem-se que o orçamento do futebol é X mas há depois um aumento nas SAD's que tratam dos espaços, pavilhões, camadas jovens, modalidades e outros tantos mais encargos. Foi neste sentido que o basket do Porto se suspendeu, para permitir reformular a sua estrutura (fora da SAD, mas de volta ao clube) de forma a não se perder qualidade e a marca do FC Porto.Pois as receitas significativas dos nossos clubes não são variadas nem altas, reduz-se: as receitas dos direitos da transmissão dos jogos na TV e venda das suas joias da coroa, juntamente (com menor peso) do merchandising e quotas.

      E ainda é de ter em conta que tudo que está a acontecer neste momento em economias como a inglesa e espanhola (países que têm absorvido as maiores transferências de jogadores de Portugal nos últimos anos) terá inevitavelmente consequências no mercado de exportação português financeiramente. É de imaginar que alguns clubes estejam completamente com a corda na garganta e, atitude a seguir é aquela já tomada pelo FC Porto (e as equipas pequenas devem em especial olhar para o modelo de sucesso do Braga e ver os erros a não cometer ao olharem para a penosa situação do Vit. de Guimarães). Em relação aos lampiões e lagartos a situação é ainda maior (com passivos muito mais altos), mas parece que se prefere falar mais que agir. O Benfica encontra-se adomecido por eleições e malabarismos da organziação Vieira, já o Sporting esta atando até de mãos e pés (não tem soluções nem linha de rumo e as guerrilhas internas e externas não ajudam em nada).

      A conclusão é assim só uma, o futebol não é indiferente à crise actual, e o caso português não é uma excepção. Se é certo que aos adeptos o que interessam são as vitórias desportivas, devem ser as direcções a ter uma atitude responsavel – caso contrario num futuro próximo a vítima será o aspecto desportivo e a perda de competitividade europeia. Pois se a Europa de forma geral sofre, Portugal também irá sofrer, sendo certo que uma marca destas circunstâncias será a queda de nível dos clubes vistos como grande no espaço europeu (como a generalidade das equipas italianas, como o Milan ou Juventus) e a emergencia de clubes de países europeus perifericos no espaço europeu (caso da Russia e do Zenit),e esta crise no futebol europeu também é visivel com a sáida de jogadores do espaço euopeu para outros países emergentes (que apesar de menor qualidade deportiva oferecem maiores eguranças e garantias economicas), basta ver o retorno de craques brasileiros ao Brasil ou a ida de craques com carreira feita para a China. O exemplo mais actual para o FC Porto é a preferência do Kelvin, jogador ainda ligado ao clube, em ficar pelo Brasil dado os impostos elevados em Portugal. E também as altas exigências pedidas pelos clubes brasileiros em troca dos seus jogadores (o exemplo paradigmatico é o Neymar) e, os lucros do futebol brasileiro chegarem ao nível de certos clubes europeus (porém os problemas financeiros da europa como principal investidor do futebol brasileiro poderá o afectar).

      O FC Porto tem de evitar o sucedido com o seu recente relatório de contas (apesar de faltarem grande parte dos luvros das vendades feitas), pois só assim se vai mantar a qualidade da eficancia e sabedoria da marca Porto reconhecida inetrnacionalmente. Como A. Wenger admitiu ainda ontem ao salientar a “política inteligente e visionária” da direcção de Pinto da Costa, onde compara a nossa estrutura ao modelo alemão (único modelo bem sucedido da Europa em termos financeiros)
“um dos grandes méritos do Porto é não ficar fechado apenas ao mercado do Brasil (…) e ter em consideração os benefícios de uma política local e enterna eficaz (…) que pesca muitos jogadores de clubes pequenos de Portugal e na América do Sul (…) exibe um poder similar ao que o Bayern de Munique tem na Alemanha”.

Nota: É ainda de referir que enquanto o Porto ganha os nossos rivais classicos preferem outras distracções. A distracção do Benfica é de circo eleitoral, onde o Sr. Vieira se defende dos ataques do juiz Rangel com comparação deste ao Vale Azevedo – porém o discurso do ex vendedor de pnéus é que é muito similar ao do Vale Azevedo.
Mas ao que parece tudo que indica os benfiquista parecem que querm mais uns anos de não vitórias e digo eu ainda bem…
A questão do Sporting é mais curiosa, pois aprece que o objectivo este ano é acabar a época até ao Natal (assim sempre têm mais tempo para preparar mais uma grande época em 2012/2013). Por outro lado, percebi o porquê de um fosso em Alvalade, é a única solução para evitar invansões em campo por parte dos seus adeptos – afinal sempre conseguem ser um clube com visão, desta vez conseguiram prever que a situação sportiguista só ia piorar.

Por: João Serra (colaborador)



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