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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Porto vs Málaga: visto à lupa (Pós Match)


      Jogo de grande nível competitivo com grande ambiente (um aplauso para os adeptos do Málaga) marcado com domínio completo do FC Porto (que registou neste jogo números de domínio do adversário mais elevados nesta edição da Champions) e, carimbado com um triunfo justo e justificado dos pupilos de Vítor Pereira.
A história do jogo é assim simples: O jogo só teve um sentido, tendo o Porto sido quem jogou melhor e mais vez para ganhar, um marcador com outro sentido seria contrário à corrente do jogo.

      Em relação à forma como o Porto encarou o jogo é de referir o sentido de coletivo, a entrega em campo e a excelente organização demonstrada em campo. No fundo o Porto colocou em prática o favoritismo teórico que lhe era apontado, tendo a equipa jogado de forma inteligente sem deixar o seu ADN de lado.

      Temos ainda de destacar os seguintes factos como explicação para o sucesso neste jogo europeu:
  • Comportamento responsável e pragmático da defesa portista (em especial a dupla de centrais, onde Mangala cresce de jogo para jogo), nomeadamente nas saídas de bola, na subida em campo e no posicionamento defensivo (embora ataque do Málaga também pouco ou nada tenha incomodado);
  • Optima preparação da partida e leitura do jogo do Málaga, em especial o caso da pressão alta exercida sobre a equipa adversária foi fundamental para o domínio revelado. Onde neste campo se destaca João Moutinho e Fernando (a corresponder aquilo que já tinha referido anteriormente), a pressão que o Málaga sentiu desde a sua saída de bola da defesa não permitia o aparecer das suas habituais armas (velocidade e eficácia no passe e defesa a partir do meio campo) – no fundo o meio-campo da equipa espanhola conseguia (a todo o custo) parar as jogadas portistas, porém esse esforço dispensado a defender perante a pressão exercida pelo FC Porto entravava a sua criação ofensiva;
  • Trabalho de “formiga” de J. Martinez – não teve bem (nem espaço) para decidir com a bola nos pés, mas nunca deu descanso à defesa contrária e baixou as linhas, recuado em campo permitindo abrir espaços na defesa do Málaga (que corria atrás do 9 portista);
  • Dentro da excelente interpretação que o Porto fez do adversário que tinha na sua frente se destaca a procura de jogar no último terço do terreno para tentar entrar na área adversária pelo jogo das alas – colocando em check a defesa normalmente rígida e compacta do Málaga (impedido ainda que os seus extremos se pudessem aventurar no ataque dada a preocupação defensiva que lhes era colocada);
      Já do lado do Málaga nada fez de verdadeiro no sentido de contrariar a corrente do jogo que se viva no Dragão, a estratégia colocada em prática pela equipa da Andaluzia não teve os resultados esperados. Entraram em campo com a ideia que o jogo se devia e ia decidir em Espanha, preocuparam-se assim mais em não cometer erros e, para isso em apoiar o jogo coletivo esperando depois por contra-ataque rápido (que nunca saiu dado o papel de Fernando apoiado por Moutinho, Danilo e mesmo por Mangala e Otamendi).

      É certo que o Málaga (na versão milagreira de Pellegrini – como é referido em Espanha) é constituído por uma mentalidade típica do futebol italiano (clássico), apimentado com um toque de talento espanhol (caso dos desequilíbrios de Isco e Joaquin – sustentados numa boa qualidade tática). Porém frente ao Porto (não por seu demérito, mas mais mérito do Porto) cometeu muitos erros (algo não habitual), no fundo não soube ser inteligente a abordar o jogo e não conseguiu em qualquer momento capitalizar oportunidades no ataque.

      Contudo é uma nota positiva para a prestação combativa de Antunes (um português a dar cartas em Espanha), apesar de por vezes ter sido “poupado” pelo árbitro. Algo que também não resultou foi o posicionamento de Júlio Baptista e de Santa Cruz, acabaram por se perder (o primeiro não recuava o necessário em campo para vir buscar a bola e o segundo nem se viu em campo – esta dupla aposta de Pelegrini para o ataque da sua equipa nada significou em campo, a sensação é que terá havido uma preocupação especial para atacar os lances áereos e bolas paradas (interpretados pelo conjunto espanhol como o ponto fraco dos dragões).

      Nota ainda para comentar o golo solitário de João Moutinho (a par de Alex Sandro e Fernando o melhor em campo), como sendo fruto de uma grande jogada de Alex Sandro acompanhada de uma brilhante finalização. Em relação a uma possível posição irregular de Moutinho, parece-me que é sem dúvida uma joga duvidosa - o fora-de-jogo só é determinado em absoluto (até aí as repetições com bola corrida não era conclusivas) com a imagem parada num ângulo que nenhum árbitro em campo tem visão para tal. Desta forma, é justificado o “deixar jogar” do árbitro na medida que em caso de dúvida deve-se decidir em nome do futebol – ou seja em nome de quem ataca. Por outro lado, o resultado para o exibido em campo peca por pouco, sendo talvez o único ponto positivo que o Málaga obteve do jogo (merito do trabalho (exclusivamente) defensivo dos seus jogadores, que não permitiram aos jogadores portistas acrescentarem ao seu domino o equivalente em ocasiões de golo).

Perspetivas para a 2ª parte da eliminatória (2ª mão)

      Vai ser um jogo muito mais complicado em relação ao que ocorreu no Dragão, o Málaga não vai querer sair da sua estreia na Champions sem mostrar o seu valor – vai ainda tentar responder às críticas da impressa espanhola que apontam a exibição do Málaga no dragão como a pior da época (possível sinal de falta de experiência).

      O Málaga junto do seu público deverá ser uma equipa muito mais batalhadora e agressiva na procura da bola, será assim normal que em relação ao jogo da 1ª mão as suas linhas estejam mais subidas e que exista uma aposta na velocidade do seu jogo (podendo o Porto tirar proveito disso).
Será assim um jogo de futebol de elevado nível, onde o Porto não poderá entrar em campo a pensar no que fez na 1ª mão, não devendo cometer erros e atacar com precisão em especial no último terço do campo e, parece-me que Fernando vai ser (ainda mais) uma peça determinante.

      No fundo terá de seguir o conselho do seu El Comandante: “Ser uma equipa inteligente”…

Por: João Serra (colaborador)

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